quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

          Lembranças

           Talvez um dos sentimentos mais difíceis de definir seja a saudade, em que, para uns remete a coisas boas, para outros nem tanto assim, mas ainda que se faça tão complicada a sua definição eu insisto em alcançá-la. Antes de chegar nisso, talvez seja interessante considerar que são as lembranças que temos em nossas vidas que nos fazemos sentir saudades. Mas será que sentimos saudades de todas, ou existe aquelas que você não quer sequer relembrar?? E ainda existem aquelas que sobrevivem em seu subconsciente, que você nunca lembra, mas basta um cheiro, uma cor, uma imagem ou um momento que te retrata a ela. 
           A lembrança mais antiga que tenho é a de estar na rua com meu pai, segurando em sua mão e o meu irmão na minha, acho que tinha uns quatro anos, depois disso só lembro de algumas coisas de quando eu estava no ensino médio... É como se todo esse período existente entre uma lembrança e outra parecesse irrelevante. Eu sei que se eu me esforçar eu vou lembrar de muita coisa, mas antes de fazer isso eu me pergunto se realmente eu quero lembrar, afinal de contas foi um período em que eu não tinha coragem de me revelar como homossexual... Todos sabiam, mas eu negava.... É claro que minha vida ficou melhor depois que eu me assumi... Mas veja bem Ed, eu disse que minha vida ficou melhor, não a relação que tenho com as pessoas... Parece incrível, como se eu tivesse um repelente em mim que faz com que elas se afastem... Não posso dizer que não tenho ninguém em nenhum momento, mas... Relações são sempre difíceis... 
           Dentro dessas questões eu não posso afirmar que só temos saudade daquilo que um dia foi bom, porque sinceramente, a concepção de "bom" é muito relativa. Tenho saudade de coisas boas que aconteceram em minha vida, mas sinto falta também das coisas que julgo como ruins, pois afinal de contas foram elas que me fez forte, foram elas que fizeram com que eu conseguisse ser quem eu realmente sou... Mas sabe de uma coisa Ed, as vezes penso que sou algo, mas quem realmente eu sou??? Independente da resposta queria ser a pessoa certa de alguém, e por que não a sua... Muito difícil isso kkkkk Vivemos em dois mundos completamente diferentes, mas como diz uma música aí, "o impossível é só questão de opinião" e disso os loucos como eu sabem. 
           Loucura... Fico me chamando de louco quase o tempo todo e nem sequer sei realmente se sou louco ou não, talvez seja louco por amar, por sentir falta, por gostar e querer perto, mas essas coisas todas as pessoas querem, então todas seriam loucas também... Acho que não é por isso que digo que sou louco, mas porque tento alcança o impossível com a imaginação... Ah é, quem é muito só tende a ter uma imaginação muito fértil... Mas deixemos pra falar de loucura depois.
           Tenho saudade de um garoto que amei, nunca tinha sentido aquilo na minha vida, não tem explicação e mesmo se tiver, não consigo encontrar as palavras certas pra usar... Foi diferente... Sabe Ed, parecia coisa do destino, eu era o único garoto com quem ele conseguia se abrir, nos identificávamos bastante... Ele era lindo, muito lindo, assim como você... No fim não deu certo... "No fim" kkkkk,quem disse que é o fim... 
            Sinto falta da minha avó que morreu, ela podia não saber, mas eu amava muito ela... Teve um dia que fui la pra casa dela e cochilei, ela me colocou na cama, me embrulhou, nunca esqueci disso... Nunca esqueci que fui alvo de diversos preconceitos, coisas como essas a gente não esquece, nosso sofrimento não nos deixa esquecer, mas ainda assim eu preso muito por tudo isso que aconteceu... Tenho mil e uma esquisitices, também o que eu queria.... Mas enfim, sinto falta de muita coisa... 
             Ainda que não seja fácil definir saudade, ainda que não seja muito viável relembrar o passado, me arrisco em dizer que saudade seja aquele sentimento de ter de volta aquilo que um dia você viveu, meramente para viver de novo e te lembrar que não importa o passado que tenha, se as lembranças são boas ou ruins, se houve muitas alegrias ou muitas decepções, mas que te servirá de motivo para poder, no fim de sua vida, te fazer olhar pra trás e entender que não só existiu, mas que tem propriedade pra dizer: eu realmente vivi... E talvez esteja aí resolvida mais um dos grandes impasses da nossa existência: VIVER, MERAMENTE, VIVER!!!

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